O azul da inclinação
Solange Rebuzzi traduit en portugais du Brésil un extrait du Bleu de l'inflexion - et j'en suis bien fière :
O joelho está flexionado a fim de dispor o corpo na vertical da fechadura.
O corpo carrega a chave mas não deseja abrir, ainda.
A mão contém a chave acariciando-a enquanto o olho se abandona à tristeza. Enquanto
o olho claro perfura, a sobrancelha contra o metal gelado, examina sem sucesso, o olho no limite de sua percepção só poderá voltar à ação. Talvez.
A mão esquerda está posta aberta, contra a madeira da porta que é uma madeira lisa.
A parede do corredor olha a cena.
O cheiro conhecido dos cabelos seduziu e murmura com o movimento da cabeça sem saber muito se e o quê e que fazer.
Com um eu-não-sei-quê de selvagem e perdido.
Com um eu-não-sei-quê de já morto.
O vestido está amarrotado de tocar o solo, levando o peso da personagem leve de coração pesado.
O vestido chia da respiração ofegante da curiosidade e do medo.
A parede do corredor se emociona.
Há carroças e móveis, bordados e espelhos.
Casas, sofás, criados, louça de ouro e de prata e de vermeil.
Ele me desejou, eu, entre todas, depois de muitas.
Eu sabia que era a boca do lobo. Lobo azul. E me lancei ali.
Eu sabia que era o medo azul do qual eu morreria. E me lancei ali.
Mas isso, só a parede do corredor escutou. Sua tapeçaria estremeceu. Uma corrente de ar de lembranças e os motivos se desdobraram. Circundam as portas. Correm de portal em portal em busca da saída. Mas o conto não existe mais pois o malvado morre e somente as mulheres se sucedem. Já que as mulheres morrem e somente os malvados se sucedem. Enquanto que as irmãs conquistam o horizonte com o olhar distraído.
Ela, vestida e penteada, ela se chama Heloisa ou Eleonora ou Isaura ou Rosalinda ou Branca ou Judite. Mas, a irmã se chama sempre Ana. A grama é verde. E a barba é sempre azul.
Tradução: Solange Rebuzzi.
Fragmento do poema retirado da revista Action poétique. n°189, p. 73.
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